A trajetória de Robert no Festival de Cinema de Toronto
O The Globe and Mail registrou a caminhada de Robert por todo o TIFF, e agora, em época de festival, nos conta tudo o que lembra do ator ao longo dos anos.
O Festival de Cinema de Toronto está acontecendo e, agora, com todas suas estreias em mais uma temporada de Oscar, sua função como um grande aquário de celebridades nunca foi tão pronunciada quanto está sendo esse ano, com Robert Downey Jr. em destaque. Desenrolando: a estréia mundial de O Juiz. Aparecendo em todas as cenas: o homem que uma vez fez Lindsay Lohan parecer amadora (sério), mas, mais recentemente, escalou para o topo da lista da Forbes das estrelas mais rentáveis de 2014. Mesmo em uma cultura onde redenção é de praxe, o arco de RDJ é uma figura notável. E Toronto, em setembro, lugar onde o ator já visitou 4 vezes durante os últimos 20 anos, é um local tão bom quanto qualquer outro para acompanhar uma confusão tremenda se tornar em profunda eminência.
“Lembra do Hotel Sutton Place?” é um prólogo para tantas memórias de veteranos do festival, especialmente para a roubada de cena que Downey deixou aqui há precisamente 20 anos. Enquanto tinha a simpatia dos funcionários do hotel, o ator, que até então tinha 21 anos, começou a socar uma parede e engatinhar. Só Você (filme dirigido por Norman Jewison no Canadá) era filme que ele estaria lá para promover. O Sutton Place – que, na época, era uma praça de frente para o festival – não existe mais. Assim como o Downey Jr. que era guiado por seus demônios.
“Ele foi brilhante em trabalhar com… uma jovem estrela em espera“, é como seu diretor de Assassinos por Natureza (Natural Born Killers), Oliver Stone, uma vez descreveu o ex-Brat Packer. Em 1994, porém, o ano do incidente de Sutton Place, o início de um lento colapso começara. A fama, bem entrincheirada, tinha sido revelada por sua primeira indicação ao Oscar, na cinebiografia Chaplin, assim como um romance brilhante com Sarah Jessica Parker (é verdade, Homem de Ferro e Carrie Bradshaw viveram um com o outro durante cinco longos anos), mas em outros aspectos ele estava prestes a ir pelo ralo. Os próximos anos seriam tortuosos: ele foi pego em flagra em seu carro com 0,42 gramas de heroína, 1,49 gramas de cocaína, e uma .357 magnum debaixo do banco do passageiro da frente), e no mês seguinte ele foi o anti-herói de um cenário imediatamente apelidado de incidente de “Goldlocks” (enquanto aguardava julgamento, Downey apareceu na casa de Malibu de um vizinho e desmaiou na cama de um garoto de 11 anos – a posterior ligação para a emergência se tornaria um dos primeiros fenômenos virais da Internet).
Suas maiores aventuras incluem escapar da reabilitação vestido com uma camisa havaiana, e derreter diante de nossos olhos, culpa de Diane Sawyer. No canal ABC, Sawyer perguntou: “Você é um bom mentiroso?” Downey respondeu a Sawyer “Sim, você tem que ser.“, Sawyer: “Um grande mentiroso?” Downey: “Sim“. Sawyer: “Então, qual é a mentira que todos devem estar atentos caso você use novamente?” Downey: “Eu estou bem“.
Nos projetando para os festivais de 2003 e 2005, onde, se ele não era exatamente bom, ele estava pelo menos tentando… Tentando forjar uma volta às telonas com seu primeiro filme em 3 anos – depois de sua fase “Orange is the New Downey”(série americana, original: Orange is the New Black) – cuja primeira ocasião foi The Singing Detective, uma adaptação de uma antiga minissérie da BBC. A revisão? Muito bom, apesar da maioria dos comentários discutirem problemas pessoais de Downey. Outro fato memorável foi quando a tentativa de Downey de ficar livre do álcool foi prejudicada por um garçom que derramou um coquetel em suas calças. Quando o garçom voltou lhe oferecendo água com gás, Downey desviou. “Mas vou beber.” ele disse, pegando a lata.
Dois anos depois, ele estava de volta com Beijos e Tiros, que tinha como coadjuvante Val Kilmer. Eu lembro de ter visto ele muitas vezes durante o festival naquele ano em particular, incluindo uma vez no Amber em Yorkville, mexendo com o chapéu que usava. Aquele filme também tinha uma punhado de fãs, mas nada que pressagiava o tipo de retorno que Downey teria. Sua vida desde então vem se tornando uma exceção ao famoso ditado de F. Scott Fitzgerald – “Não existem segundas chances nas vidas americanas” – sendo ajudado por um feliz acidente de casting (Homem de Ferro 3, sozinho, fez mais de 1,2 bilhões de dólares a redor do mundo), o amor de uma boa mulher (sua esposa, Susan Downey, sempre leva o crédito por ter sido uma força estabilizadora) e muito trabalho.
“Eu parei de me preocupar em resolver as coisas e simplesmente comecei a lidar com o que estava na minha frente, a bola quicando do momento”
Essa semana, quando ele aparece ao festival pela quarta e mais sublime vez, uma coisa é certa: será a primeira vez que a marquise na noite de abertura contará com a presença de um homem que trabalhou cinco dias por semana esfregando panelas, numa penitenciária, ganhando oito centavos por hora. O Juiz, que leva Downey de volta a um papel direcionado ao personagem, que não era o forte da Marvel nem de sua franquia Sherlock Holmes, é, de uma só vez, um thriller legal e uma história familiar que faz ponte com Num Lago Dourado (1981) e uma picada do clássico Grisham(escritor americano). Mesmo em seus momentos mais numéricos, Downey – que nunca esteve tão lindo – leva isso para além do roteiro, ou para como se pareceria um antiquado “veículo estrela”.
No processo, ele também nos lembra por que ninguém consegue ser RDJ como RDJ.
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