Dia: 30 de setembro de 2014

O contraste entre os dois atores não poderia parecer mais evidente. Robert Duvall, introduzido primeiro ao público de pé, no pré-lançamento de O Juiz, no Museu de Arte do Município de L.A., é essencialmente impassível, aparentemente esculpido em granito, reservado e tranquilo. Robert Downey Jr., por outro lado, salta para o palco, com toda a energia inteligente e uma rajada de palavras e um sorriso a mostra a todo momento.

Sentados em cada lado do diretor do filme, David Dobkin, e conversando com o moderador Elvis Mitchell, curador do Cinema Independente do LACMA(MAMLA), pareciam ser fogo e gelo, yin e yang – até que a sagacidade de Downey começou a se mostrar e desenhou um brilho que em seguida conquistou um sorriso de Duvall. E tornou-se muito claro que muito em breve “Bobby” Duvall – como RDJ o chama – definitivamente pode vender seu peixe no departamento de inteligência. A transcrição da entrevista a seguir:

Mitchell: Sr. Duvall, quando e como você decidiu fazer este filme?

Duvall: Bem, primeiro eu recusei. Mas, em seguida, David Dobkin e Robert e Susan insistiram, e todos nós conversamos, e eu decidi fazê-lo. Foi uma parte difícil. Eles me disseram que era um grande filme, e eu sabia disso. Às vezes, porém, quando você recusa algumas coisas e acaba voltando atrás, as coisas parecem de alguma maneira melhores.

Downey: Por sinal, uma estratégia excelente de negociação.

Duvall: Sabe, é difícil encontrar um grande material, e este foi um roteiro extremamente inteligente, muito inteligente. Grandes pessoas para trabalhar, Robert aqui, e Susan Downey, e David e todos. Uma equipe excelente, um elenco fantástico. E nós tivemos 60 dias para fazê-lo. Sabe, você geralmente só tem 23(dias).

Mitchell: Quais filmes você já recusou antes?

Duvall: O Grande Santini eu recusei. Às vezes, quando você reconsidera, o material parece melhor. Sabe, você tem dúvidas – mas você tem de se comprometer, e uma vez que você se compromete, você se compromete. Quando as pessoas me perguntam “O que você usa como pesquisa?” Eu digo que eu não uso nada, eu simplesmente atuo, eu me entrego a isso e o faço. E trabalhar com essas pessoas. Essas pessoas. (olha para Downey) – eles foram maravilhosos para se trabalhar. Esse pode ser talvez o maior filme que eu já fiz desde Apocalypse Now. Há um longo tempo atrás. Muito tempo.

Dobkin: A primeira conversa que eu tive com Duvall foi ao telefone. Eu sabia que ele estava indeciso sobre fazer o filme. Eu queria que ele soubesse que eu e Robert somos grandes fãs – nós dois acabamos de ver um filme chamado Segredos de um Funeral. (platéia aplaude)

Downey: (para Duvall) E o que você pensou de Segredos de um Funeral a primeira vista? Você recusou também?

Duvall: (ri, balança a cabeça)

Downey: É bom que ele continue recusando esses filmes, ou seus companheiros teriam biografias muito curtas.

Dobkin: Tivemos uma breve conversa, sabe; e havia uma ligação sobre o material, a autenticidade e o fato de que esse tipo de filme não é mais feito nos estúdios.

Duvall: Isso. Filmes independentes, do tipo que eles costumavam fazer nos anos 70. As pessoas dizem que não gostam mais deles, mas eles ainda gostam. No entanto, eles não são mais feitos dentro do sistema.

Mitchell: Eu tenho que dizer, Sr. Downey, quando você interpreta pais, esses caras todos parecem ser tremendamente frustrados: Charlie Bartlett, Um Parto de Viagem – eles são facilmente frustrados. E eu me pergunto o que isso desencadeia em você, fazendo esses caras que meio que tem o temperamento muito instável.

Downey: (Para a platéia) Você percebe como as primeiras perguntas eram boas e generosas? (Para Mitchell) Você está perguntando, tipo, o que há de errado comigo?

Mitchell: Eu nunca falaria isso na sua cara.

Downey: Basicamente o que aconteceu foi que David teve essa ideia, e quando você é um escritor/diretor e você está brincando com uma ideia, geralmente vem em algum lugar fora de sua experiência pessoal. E gastamos um monte de dinheiro da Warner Bros nesta coisa de desenvolvimento, e nós tivemos um monte de coisas que pensávamos que iríamos fazer – e quanto mais nós nos sentamos juntos para resolvê-lo, mais eu me senti como, uau, isso vai ser realmente especial. A propósito, no começo eu também disse, bem, eu vou dar essa oportunidade à patroa – ela gosta desse tipo de drama de tribunal/família, parece bastante divertido, sabe – eu quero fazê-la feliz. Assim, como o Bobby estava dizendo, às vezes você inicialmente tem um pouco de resistência às coisas. E, honestamente, acabou por ser uma das melhores experiências que tive na minha carreira, apenas o processo de desenvolvimento desse filme – apenas um grupo de rapazes, a patroa, os escritores e todas essas coisas. Mas foi realmente quando Bobby chegou – é aí que você vê que conseguiu, é aí que você vai para casa e diz que realmente vai acontecer. Então é só uma questão de execução.

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