O filme pode até ter sido lançado há mais de um mês, mas as entrevistas não param de chegar. Confere essa aí, que veio do LATimes.

A ideia para esse filme, David, começou com seu relacionamento com sua mãe e sua preocupação com ela enquanto ela estava doente. Vocês tiveram uma relação um tanto quanto complexa?

Dobkin: Muito complicada. Eu era a criança que sempre se metia em encrenca e era pega, e meu pai foi um advogado realmente brilhante que estava me observando na cozinha à noite. Mas minha mãe, de alguma forma, era aquela que de fato entregava justiça, o que era difícil, então quando ela envelheceu e ficou doente, eu me encontrei na posição de ser um pai para meus pais, e isso era algo pelo qual eu não estava preparado. Depois de ela falecer, eu comecei a escrever uma história que foi a semente da qual nasceu o filme. Mas depois de um tempo, todo mundo começou a participar. Se tornou meio que uma história universal sobre família e redenção, salvação, de como você, como adulto, volta a se relacionar com sua família e cura as feridas.

Eu sei que no começo você não estava muito afim de assinar contrato, não é verdade, Robert?

Duvall: Bem, você tem que pensar nas coisas e isso é um compromisso, e uma vez que você se compromete você tem que ir com tudo. Uma vez que decidi que era certo, nós conversamos. Eu me reuni com David, e isso se tornou uma realidade. Você vai para o trabalho todo dia e dá o seu melhor em uma base diária. É simples.

Dobkin: Eu tenho que elogiar Bobby porque muitas vezes você encontra um ator antes de um filme e eles ficam tipo ‘essa cena, essa e essa são problemas para mim.’ E você, como diretor, explica para eles porque você acha que essas cenas são importantes e devem estar no filme. E todo mundo faz cara feia e você vai embora, então, seis meses depois, você está sendo lentamente cortado do trabalho. Bobby, uma vez que se comprometeu com o filme – e aquelas eram cenas muito assustadoras para se fazer – ele simplesmente atacou isso como um profissional. Quero dizer, como um ator clássico da velha escola que disse ‘Eu me comprometi com isso e eu vou dar tudo que eu tenho aqui.’

Quais cenas eram essas?

Robert Downey Jr.: A cena do banheiro…

Dobkin: Nós deixamos com uma abordagem bem clássica, como se você estivesse vendo Arhtur Miller ou Eugene O’Neill. Nós deixamos o roteiro de lado e conversamos sobre a cena, conversamos sobre nós mesmos, nossas famílias, e fizemos alguns improvisos. E com a experiência de passar tempo juntos, eles começaram a se conhecer e o comportamento deles começou a se tornar conciso, não importava qual cena ou o que você estivesse fazendo. E é isso que acontece com uma família, você acaba nesse padrão de argumentos e comportamento que se deixam mostrar não importa o que aconteça. Houveram algumas cenas lindas no filme que nem entraram na rolagem final, honestamente. Você não deve exceder suas boas-vindas, e coisas tiveram que passar. Digo, você foi alucinante, Robert. Eu mostrei algumas cenas para você que eu ficava meio que “Essa vai ter que entrar,” e eram cenas com grandes performances.

Downey: É, tanto faz.

Dobkin: E isso é exatamente o que ele disse.

Downey: Vou botá-las no meu carretel.

Você mencionou ‘cenas fortes’. A cena da cozinha é uma deles, obviamente. Parece que você quer os botar em julgamento.

Downey: Teve uma sequência de cenas – no porão com os vídeos caseiros e começa com isso, e aí o juiz está indo para fora e eu estou perseguindo ele. Esses foram momentos onde eu tentei impor uma posição no personagem para que ele ganhasse a argumentação. Eu não consigo arrancar uma confissão dele, sabe.

Duvall: É interessante, porque cenas como essa, sabe, as grandes cenas trabalhando com ele, foi formidável, assim como outras cenas. Você se mantém dentro dos confins do temperamento de seu personagem. Algo bem no fundo de sua memória sem que você tenha conciência faz com que você não exagere.

Eu vejo, David, que ele adicionou uma fala nesse argumento que foi meio que uma fala chave.

Dobkin: Bobby? Oh, sim. Ele chegou em mim e disse, “Eu acho que eu diria algo sobre ele que, sabe, ‘Nós esperamos em silêncio.” Talvez tenha sido a fala mais importante que não foi escrita. E ele ofereceu essa performance, onde ele diz, “Todos nós esperamos por você, mas você nunca veio.” Foi simplesmente avassalador. [Para Duvall] Você viu isso. Seus instintos o levaram até isso.

Duvall: Sim, esses tipos de coisas, você se surpreende. Você se deixa levar, na hora.

Susan Downey: Bem, Downey adicionou a fala, “Eu precisava de você.” Foi uma ótima escolha que também conseguiu entrar na rolagem final. Nós nunca fomos até a corte no rascunho original, mas a razão para que fomos até lá, no fim, foi porque aquela seria a revanche para a cena da cozinha. Havia esse conceito de que Hank teria a oportunidade de convocar o juiz, um cara que não mentiria sob juramento, e lhe fazer perguntas. Então a primeira chance de deixar essa emoção transparecer foi na cozina. Então tivemos que ir para a corte.

Eu lembro de imaginar o momento no tribunal entre eles quando ele está perguntando sobre o passado – é tão louco pensar nisso depois de vê-lo propriamente feito – mas na pior versão, na minha cabeça, há um momento gritante no tribunal. E quando eles fizeram isso, eles fizeram de um modo tão discreto e com esse tipo de tiro certeiro e foi tipo ‘wow, beleza, é assim que se faz,’ que fez com que a cena na cozinha significasse muito mais.

Quanto tempo vocês levaram para fazer essa cena na cozinha?

Dobkin: Essa cena foi feita em meio dia.

Downey: Sim, todo aquele grande stress nisso por semanas e simplesmente aconteceu rápida e eficientemente. David é muito organizado; ele é o equilíbrio perfeito de diretor. Ele faz com o stress induzidos de algumas cenas sejam bastante maleáveis. Tivemos um ótimo momento contando essa história. Quero dizer, ele estaria passando anotações estranhas, e Billy Bob estaria fazendo “Sling Blade.”

Duvall: Anotações justamente antes de uma cena emocionante. Eu não posso te dizer o que as anotações diziam, mas eram ótimas, quase interessantes.

Downey: Você faz todas essas cenas duras mas aí tem a cena em que o juiz está tendo uma péssima noite depois de ter tido o tratamento de quimioterapia. Hank entra em cena e tenta distraí-lo, dizendo, “Quem é o melhor advogado que você já viu?” E no fim da cena ele descobre que o pai deu o nome dele em homenagem a esse advogado que não se importava com quais eram as ramificações em defender as pessoas, porque esse era o seu trabalho – e ele estava falando sobre o tipo de pessoa que ele queria que Hank fosse, dando esse nome a ele. Para mim, essa cena foi quase como um sonho onde Hank é informado sobre as chaves para sua própria salvação.

Robert, como produtor, você já viu esse filme, tipo, 20 vezes?

Downey: Sim.

E toda vez que você o vê, você chora?

Downey: Eu choro.

Duvall: Sério?

Susan: Sim.

Quantas vezes você assistiu o filme, Bobby?

Duvall: Duas.

Você chorou?

Duvall: Não, eu fiquei emocionado. Não chorei, mas fiquei emocionado. É a mesma coisa.

Downey: Eu chorei o suficiente por nós dois.

Duvall: Eu chorei quando eles me pagaram.

 

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